quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Um Poeta Solitário



A poesia está diretamente ligada ao coração.

Se alguém, pela primeira vez admira uma flor e se inclina para beija-la, começa a sentir a realidade da poesia, passa a ser poeta.

O verdadeiro poeta é aquele que sabe descobrir e transmitir a beleza das coisas.

Assim, Francisco de Assis, foi grande poeta. Refletia na própria alma as maravilhas da Natureza e a presença de Deus. Por isso, amava intensamente a vida.

Seus olhos eram dois espelhos onde as pessoas comuns também podiam contemplar o Belo.

Aliás, sua existência é, em si, um poema que fala de passarinhos, bosques, estrelas, ninhos, flores, sol, lua, água, pão, música, alegria.

O ser, cuja sensibilidade, por efeito de maturação espiritual, atingiu mais alta visão das coisas, reflete pelas palavras e pelo comportamento a arte implícita e explícita no Universo.

Só assim entendemos porque a vida de Francisco foi um "peregrinar cantando".

Ele estava sempre em harmonia com a Vontade Divina.

Desprendido dos prazeres propriamente mundanos, sintonizava naturalmente a melodia da Criação, gozando alegria cada vez mais profunda: a alegria que brotava do coração puro.

Uma vez perguntaram-lhe sobre seu desapego dos gozos terrenos, e ele respondeu: "Um trovador de Deus não deve possuir nada além de sua harpa".

Andando por entre flores e pássaros, clamava:

"Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o irmão Sol, que faz o dia pelo qual nos iluminas. Ele é belo e radiante: com grande esplendor nele a tua imagem aparece, ó Altíssimo!"

Sua religião recendia cores,
paisagens naturais, aromas silvestres,
cânticos primaveris, simplicidade.
Sua religião era em si um poema vivo.
Nunca deixou de cantar as maravilhas
da verdadeira vida.
Um poeta solitário, solidário e feliz.


De o livro “O Mundo de Francisco de Assis”, de Ariston S. Teles, pelo Espírito Rabindranath Tagore.

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